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E se no final do universo tivesse um banheiro químico?
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Texto: Giulia Godoy e Kellen Dalbosco

Conhecido pela forma de abordagem despojada e pela maneira inovadora de pensar, o jornalista e escritor Leo Felipe apresentou na manhã de quinta-feira (22), durante o TEDx Porto Alegre, a palestra “No fim do mundo tinha um banheiro químico: pós-verdade e milenarismo 2.0”.  

“Imaginem se de repente fosse divulgada a descoberta de um artefato em um ponto muito distante do Universo. Vamos imaginar que o artefato fosse um banheiro químico”. Leo utilizou o objeto como uma metáfora para analisar o milenarismo e a pós-verdade, e instigou o público a pensar “quais poderiam ser as consequências da divulgação de uma descoberta como esta?”.  

Ele imaginou a divulgação incessante da notícia, os compartilhamentos nas redes sociais ao redor do planeta e milhares de memes com a descoberta. O jornalista chegou a ironizar a “banheiroquimização da cultura”, onde ele imagina objetos como chaveiros e brinquedos da forma de um banheiro químico.   

“Uma infinidade de produtos seria criada, reproduzindo a forma, a cor e por que não, talvez até o conteúdo do banheiro”, brincou com o que chamou de “a nova era do banheiro químico”.  

 

Foto: Rodrigo W. Blum

Durante a fala, Leo Felipe usou a descoberta do banheiro para se referir à especulação da vida fora da terra e ao impacto que uma descoberta traria para a sociedade. “Uma probabilidade é que a descoberta astronômica sinalizasse a existência de vida inteligente extraterrena, já que, a princípio, seria impossível para o ser humano ter enviado a coisa tão distante”, presumiu.  

Qualquer semelhança com a realidade não foi mera coincidência. Leo Felipe especulou como tal descoberta desconstruiria a percepção do homem quanto ao seu lugar no universo e até mesmo na sociedade. Ele introduziu ideias milenaristas a sua fala, trazendo ideias de como os simpatizantes pensam e agem, e como o fizeram ao longo da história. A descoberta de tão absurdo artefato faria então surgir um milenarismo 2.0.  

“Agora imaginem se de repente começasse a circular uma nova notícia: ‘a descoberta do banheiro químico no final do universo não passava de uma pós-verdade’, o banheiro jamais existiu”. Ao trazer o conceito de pós-verdade, o jornalista também faz uma relação com as fake news e uma associação ao modo como questões longe da realidade em que vivemos se espalham com facilidade.  Ao questionar sobre o porquê das dúvidas sobre a possível existência de vida inteligente em outros planetas, o jornalista encerrou dizendo que “a vida inteligente tende a sua própria destruição”. 

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