Foi lançada ontem à noite a 48ª edição da Revista Primeira Impressão, uma produção experimental das disciplinas de Narrativas Jornalísticas e Planejamento Editorial e Projeto Experimental em Fotografia do curso de Jornalismo da Unisinos. O evento ocorreu na Cafeteria Letras e Sabores, localizada no saguão do prédio da Biblioteca, na Unisinos São Leopoldo, e contou com cerca de 40 pessoas, entre estudantes, professores e algumas fontes das reportagens.
A revista leva um questionamento na capa: “Qual é o seu pecado?” e traz nas páginas histórias que levam os leitores a refletir sobre o tema. “Atualmente, pecado é não estar conectado, é viver com a violência, é não cuidar do próprio corpo e não ser aceito pela sociedade. Dentro do nosso devaneio, descobrimos que pecamos muito e vivemos cercados de pecados – e nem todos podem ser considerados ruins!” antecede o editorial da revista.
Entre os personagens das reportagens presentes no evento estava Patrícia Pedroso, a protagonista de “O ser mulher que incomoda” e a figura que estampou a capa desta edição. Vestida de Drag Queen, foi aplaudida pelos presentes. Ontem, ela representava mais do que a foto da edição, mas as dezenas de pessoas que toparam abrir suas vidas para que os repórteres entrassem e mostrassem uma realidade por vezes escondida.
“Eu fiquei chocada com o convite. Quando a Dyessica (repórter) me falou, eu fiquei muito feliz. Mas eu nunca pensei que seria a capa. Eu amei” exclamou Patty, como gosta de ser chamada. Contar a sua história também foi algo inimaginável para ela, que disse estar ansiosa para enviar a revista a suas amigas Drag Queens de todo o Brasil.
O coordenador do curso de Jornalismo de São Leopoldo, Edelberto Behs, discursou para os presentes. Com orgulho da nova edição da PI, disse que a informação, presente em reportagens que tratam de temas polêmicos, como violência obstétrica e nudez, são uma arma de combate, e que isso a PI “faz muito bem”.
Para os estudantes, foram grandes as dificuldades enfrentadas durante a produção das reportagens. Para Verônica Torres Luize, encontrar uma fonte disposta a conversar sobre o assunto foi um grande desafio. “Era preciso explicar sobre o que se tratava para então poderem se abrir”, contou. “A melhor parte da PI é isso, ela torna o teu trabalho palpável. Você consegue pegar, sentir e mostrar para as pessoas”, contou.
A estudante Eduarda Moraes falou sobre um assunto um tanto polêmico, a nudez feminina. Ela afirma ter enfrentado dificuldades para encontrar fontes dispostas a contar sua história. Um problema diferente encontrou a sua dupla de reportagem. A estudante Maria Carolina de Melo, que atuou como fotógrafa, conta que entrar na intimidade da personagem para fotografar, foi o desafio O resultado final foi positivo, o que explicou a presença da fonte, Emily Schwan, orgulhosa, no lançamento da revista.
Os professores Anelise Zanoni e Flávio Dutra, editores de texto e fotografia respectivamente, mostraram-se orgulhosos do trabalho dos alunos, que teve início em agosto e arrastou-se ao longo do semestre.
Flávio desafiou com a maior preocupação dos fotógrafos. “Como usar uma imagem na capa, por exemplo, sem designar que aquilo é pecado, que é ruim?”. Na capa, por exemplo, a solução foi encontrada com maestria. “Se fez uma pergunta na capa e na foto, o olhar esta inquiridor. O olhar combina com a pergunta. Uma solução editorial para um problema difícil”, finalizou.
“O trabalho foi feito e a tarefa cumprida. Hoje é um dia de comemoração”, celebrou a professora Anelise. Ela contou que o processo mais difícil e, ao mesmo tempo, mais gratificante é a etapa de diagramação e edição da revista, já que exige um trabalho intenso de revisão e montagem da agenda de diagramação com os estudantes, que participam do projeto. Mas ver a revista tomando forma é a visualização do trabalho feito.
Encontrar um tema editorial e trabalhar com eles, foi o primeiro desafio encontrado pelos professores. Para os estudantes, não bastava debater e aceitar o tema sugerido, mas buscar fontes e informações para as reportagens, que em diversos casos, se mostraram delicadas e de difícil abordagem. A releitura dos sete pecados originais foi abordada nas 22 reportagens da revista. Agora o que fica aos leitores, é a provocação da capa: “Qual é o seu pecado?”