Você já esteve em algum evento sobre Ciências Sociais ou Humanidades e o painel era composto apenas por homens? Ou viu alguma reportagem do assunto em que nenhuma mulher aparece como fonte? Foi por causa destas situações que o site “Mulheres Também Sabem” surgiu. Inspirado na iniciativa americana “Women Also Know Stuff”, o site oferece um banco de especialistas nas em diversas áreas das Ciências Sociais, Sociais Aplicadas e Humanidades.
Ativo desde junho de 2017, o site é mantido voluntariamente por um grupo de acadêmicas do Brasil. O time das organizadoras é formado pela Mestre em Comunicação Social Ana Paula Maia, a doutoranda em Filosofia Camila Barbosa, a doutoranda no departamento de Governo e Ciência Política da Universidade do Texas, Carolina Moehlecke e pela Doutora em Ciência Política pela Southern Illinois University, Tatiana Vargas.
Após perceberem que a presença feminina era nula em vários eventos acadêmicos no Brasil e no exterior, elas foram buscar mais informações sobre essa realidade. Nas pesquisas descobriram um artigo que afirma que a chance de um painel formado exclusivamente por homens ser algo aleatório é baixíssima e até mesmo uma rede social que compila eventos assim ao redor de todo mundo. Todos esses fatos reforçaram o pensamento de que esse cenário deveria mudar.
“Basicamente, entendemos que a busca por mulheres especialistas não pode ser mais difícil que a busca por homens especialistas e é essa a função que vemos o site capaz de cumprir. Entendemos que uma mulher tem que estar estudando determinado tópico, mas quem? Como encontrá-la e contatá-la?” sintetizou Ana Paula.
Buscando facilitar o encontro entre as especialistas com a mídia e organizadores de eventos, o Mulheres Também Sabem mantém um banco de dados atualizado com contatos de mulheres especialistas em várias áreas. O site tem hoje mais de 350 mulheres especialistas divididas em 11 categorias distintas e novas solicitações de cadastro chegam todos os dias. Em 5 meses foram mais 11 mil visitas e 33 mil visualizações de páginas.
Ana Paula comenta que a decisão de focar somente nas Ciências Sociais e Humanas veio por causa da formação das organizadoras. “Nós entendemos que todas as áreas do conhecimento enfrentam o problema da baixa representatividade de mulheres em eventos acadêmicos e similares. No entanto, nós não nos sentimos confortáveis para cadastrar especialistas e divulgar iniciativas em áreas que não conhecemos, e por isso a seleção de apenas algumas disciplinas”.
Ela ainda diz que a equipe do Mulheres Também Sabem incentiva a produção de sites semelhantes para outras áreas de conhecimento. “Nós temos certeza de que mulheres sabem muitas coisas em outros campos do conhecimento, e por isso encorajamos fortemente que mulheres em outras áreas desenvolvam projetos similares. Inclusive, nos colocamos à disposição para ajudar com dicas e a responder dúvidas”, explica.
Em 5 meses de projeto a interação e o feedback surpreenderam as organizadoras foram diversas mensagens sobre entrevistas e contatos de jornalistas. “Nós recebemos mensagens positivas de diversas cadastradas”, conta.
Quanto ao futuro do site Ana Paula afirma que todas estão comprometidas em continuar expandindo todo o banco de dados e o alcance de público. “Esperamos continuar ampliando o nosso banco de dados, e aumentar a nossa capacidade de divulgação e uso da plataforma. Gostaríamos que um grande número de profissionais que trabalham na academia e com comunicação social nos mantivessem em sua barra de favoritos e passassem sempre a considerar procurar mulheres especialistas através do site para montar eventos, ementas de disciplinas e reportagens sem vieses de gênero”, finaliza.