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Um novo conceito de gastronomia
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Uma alimentação consciente, que valoriza a produção, a qualidade e o momento de saborear o alimento. O movimento Slow Food fomenta e repensa a relação entre o alimento e o planeta, utilizando de outros projetos para disseminar seu conceito.

Alimento bom, limpo e justo é a filosofia do movimento que tem 100 mi membros e escritórios na Itália, Alemanha, Suíça, Estados Unidos, França, Japão e Reino Unido, e apoiadores em 150 países. Nasceu na Itália, com o propósito de valorizar os produtores locais.

Foto: Pexels

O conceito de alimento bom é aquele que tem um sabor gostoso e com qualidade, alimento limpo é o que além de ser cultivado sem agrotóxicos, não prejudica a saúde, o meio ambiente ou os animais. Por último, de acordo com os integrantes do movimento, o alimento justo é o que proporciona um retorno para os produtores que corresponda com seus direitos.

O professor de gastronomia e cozinheiro, Alexandre Baggio, é líder do movimento Slow Food Sul, e conta ver a gastronomia de uma maneira diferente a partir do projeto. “Eu acredito nestes conceitos, luto pela biodiversidade dos alimentos e apoio os produtores locais”, afirma. Além disso, o profissional utiliza alimentos sazonais e busca pela procedência deles em sua cozinha.

O movimento Slow Food tem muito tempo e foi o precursor em repensar o consumo e diminuir a cadeira produtiva. ”Esse retorno para as origens, menos comidas processadas e utilização de alimentos em natura e regional é importante para não haver tanto descarte também”, afirma a professora de gastronomia Flávia Silveira.

Projeto conscientiza

O Disco Xepa Day ou conhecido também pelo nome original World Disco Soup Day, é um dos projetos criados pelo movimento Slow Food. Promovido em 39 países, o evento reúne profissionais e estudantes para conscientização da sociedade e combate ao desperdício. O objetivo é alertar a população sobre contradição entre o volume de alimentos produzidos e o que realmente é aproveitado.

Foto: Reprodução Disco Xepa Brasil

Flávia Silveira foi quem coordenou o Disco Xepa Day, na Virada Cultural 2017 e conta que o evento foi um sucesso. “Mobilizamos alunos e fomos até a Serasa resgatar vegetais que haviam sido descartados pelos hortifrutigranjeiros”, recorda. De acordo com a profissional, os vegetais resgatados não estavam estragados, mas haviam perdido o valor comercial com machucados ou uma aparência que não passa pela seleção dos clientes.

A partir destes alimentos coletados no Serasa, os alunos de gastronomia cozinharam uma tortilha de trigo recheada com ratatouille de vegetais, e creme de cenoura. “A farinha e o azeite de oliva nós conseguimos através de um parceiro do curso, a Porto a Porto, uma importadora de alimentos”, afirma.

O objetivo da ação era conscientizar a distribuir o prato para os participantes do evento. A professora relata ter se deparado com um público muito interessado na causa. “Eles queriam saber mais sobre a iniciativa e não estavam assustados por serem produtos que haviam perdido o valor comercial”, conta.

Este tipo de projeto é essencial para levar a cultura Slow Food para o público em geral, de acordo com a cozinheira. “Ao migrar para o Brasil, o movimento acabou atingindo uma classe mais alta da sociedade, pela cultura que os alimentos orgânicos tem por aqui de serem mais caros”, comenta. Ela completa falando que este preconceito tem mudado. “Agora as pessoas têm a consciência de pagar um pouquinho mais e comer um alimento que sabe-se a procedência”, conclui.

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