Texto por Beatriz Sallet
Nesta sexta-feira ocorre a Limiares, exposição fotográfica coletiva que reúne os projetos de finalização do curso da Graduação em Fotografia, da UNISINOS. O evento será a partir das 19h, na Galeria Mascate, em Porto Alegre (Rua Laurindo, 332).
Ao total, 20 trabalhos serão apresentados, maioria em fotografia impressa, fotolivros e vídeos. A curadoria, por conta do prof. Tiago Coelho, ocorre de modo a acolher diferentes formas de fotografar, por parte de cada graduando, em um mesmo espaço de galeria de arte, cujo fio condutor passa pela ideia do próprio nome da exposição.
A finalização do curso de Fotografia exige a participação do aluno na atividade acadêmica Projeto Integrador, a qual é desenvolvida pelo profe. Tiago Coelho, na parte empírica do projeto de cada um dos graduandos. A coordenadora do curso e professora Beatriz Sallet , durante o desenvolvimento do referencial/embasamento teórico/metodológico do projeto, que resulta em um artigo acadêmico.
Estão fazendo parte da exposição os graduandos Bruna Fleck Tagliari, Bruna Javiel Comassetto, Cintia Mauren Zucchi, Drieli Marlise Pospichil, Fabio Fialho Martins, Gabriele Argenta, Júlia Koch Becker, Kálita-Ruama Rocha Netto, Kamila Reis Camargo, Leticia Schlindwein, Livia Tabert, Natane dos Santos, Paola Pimentel Pitol, Rafael Casagrande, Rafael Pires, Thiéle Elissa, Verônica Marques Martins, Vinicius Andrade, Vitória Susani e Willian Vieira.
Confira quais os projetos que compõem a exposição:
O projeto de Bruna Fleck Tagliari faz uso de apropriações de imagens de santos e de fotografia de pessoas de sua família que já faleceram, na linha da fotografia contemporânea da fotografia expandida. Trata-se de uma crítica da artista que foi criada com a ideia de que as pessoas depois que morrem passam a ser tratadas como santos, ou seja, Santificados. Este ensaio foi pré-selecionado para o Festival de Fotografia Paraty em Foco 2017!
O projeto da aluna Verônica Marques Martins fala do trato que os humanos dispensam aos animais em geral. É uma crítica importante, pois a autora, em autorretratos, se coloca no lugar dos animais para demonstrar, pela imagem, os maus tratos a que são submetidos os animais das mais diversas espécies.
Dona Clica é o personagem criado pela formanda Cintia Zucchi, cujo projeto resultou num fotolivro, que conta sobre sua experiência com o ensino de fotografia para crianças do ensino fundamental em uma escola de periferia de Novo Hamburgo.
Estranhos íntimos é nome do projeto da graduanda Thiéle Elissa, que fotografou pessoas aleatórias dentro do metrô que costuma usar diariamente, a partir de uma câmera embutida em um celular. A autora se distancia do referente “real” comum à fotografia e se permite criar um outro lugar, que pode ser um “não-lugar” para os personagens que captura e para a fotografia que dali resulta. O trabalho de Thiéle é finalista de um dos mais importantes prêmios de fotografia do Brasil, o Conrado Wessel 2017.
Porta, Retrato trata da fotografia de vida íntima a partir do acompanhamento fotoetnográfico que a autora Bruna Comassetto realiza com uma família não tradicional em seu cotidiano. Buscando atualizar o álbum de família, as imagens trazem um contexto diferenciado dos álbuns tradicionais.
(DE) COMPOSIÇÃO pretende desmistificar a morte através da busca de conceitos que a justificam pelas diferentes religiões. O trabalho é da formanda Letícia Schlindewin.
A Vitória Susani acompanha em fotos a evolução da doença de Alzheimer da bisavó, em Estágio 7. Ciente da iminência da morte, busca nas fotografias a solução para a saudade que vai sentir.
Shakti retrata a busca por respostas por parte do autor, através de estudos de conceitos milenares que algumas doutrinas contem. Também refere-se a busca de uma quebra de paradigma para a fotografia vista como lembrança.
Marcas do Puerpério retrata o período pós parto da mulher que convive com as cicatrizes do parto. A Julia Becker busca usar a fotografia como fototerapia para superar possíveis traumas nas mamães recentes.
A Livia Tabert busca através do autorretrato fazer uma crítica em relação as subjetividades que são tolhidas em mulheres lésbicas a partir da visão do cinema pornô convencional.
A Paola Pitol utiliza a fotografia como recurso para mostrar o lugar ocupado por brinquedos infantis nas lojas, que os separam por cor para cada sexo, masculino, feminino. Faz uma crítica a (im)possibilidade imposta pela sociedade à liberdade de escolha por parte das crianças.
Um erro na revelação de um filme (pelo processo fotoquímico) foi o insight para o trabalho da Kálita Ruama. Ela discute a questão da ansiedade presente em sua vida e na vida de muitas pessoas na sociedade contemporânea.
Clareando a caixa preta, das máquinas semióticas à imaginação digital trata da aplicação das teorias e tecnologias a partir de fotografia autobiográficas da vida íntima do autor Rafael Casagrande.
O Willian Vieira busca com sua fotografia discutir noções sobre real, irreal; verdade, mentira; memória e imaginário.
Através de um método que mistura os processos analógico e digital na fotografia, o Rafael Pires cria imagens únicas, inspirado na aura benjaminiana.
Com fotos do álbum de sua família, a Drieli Pospichil discute sobre a presença e a ausência das pessoas e de si própria na vida.
A Kamila Reis Camargo discute de forma humorada a questão da miopia em fotógrafos. Trata-se de problema que ela própria enfrenta.
A Gabriele Argenta discute sobre a questão do feminino na fotografia. Utiliza o vídeo como recurso para dar voz a mulher e libertá-la de questões traumáticas.
A Natane dos Santos trabalha a questão da memória na fotografia a partir do processo de digitalização por scanner. Busca salvar memórias de si e de seus ente queridos.
Fábio Fialho Martins reúne fotos que ele próprio realiza dos dois últimos jogos do Campeonato Gaúcho de Futebol a fim de discutir o trabalho do repórter-fotográfico.
