A função de ser um correspondente no exterior é uma tarefa desafiadora, mas está entre as mais almejadas por profissionais e estudantes de Jornalismo. Entre os papéis dos repórteres está traduzir questões internacionais para a perspectiva dos brasileiros. Entretanto, no cenário atual de crise econômica e política, esta prática perde espaço na mídia nacional. Luciane Fassarella Agnez, jornalista e professora de Comunicação, realizou uma pesquisa sobre o assunto e lançou recentemente o livro “Correspondente internacional: uma carreira em transição”, Editora Appris, 283 páginas.
Para a produção do livro, a autora reuniu relatos de experiências de profissionais renomados, como Clovis Rossi, Moisés Rabinovici, Sandra Passarinho, Silio Boccanera, Marcos Uchôa e muitos outros. A obra é resultado da pesquisa feita na sua tese de doutorado, que recebeu menção honrosa no Prêmio Adelmo Genro Filho 2015, da Associação Nacional dos Pesquisadores em Jornalismo.
Luciane conta que queria trabalhar a identidade dos jornalistas e como se colocam perante a sociedade. Ela comenta também sobre a mudança na visibilidade internacional do Brasil, que tem se consolidado cada dia mais. “Estou bastante feliz com o livro e com o lançamento. Eu levantei dados que não tínhamos antes, como o total de jornalistas no exterior, de cada emissora”.
Viver e trabalhar em um país com outro idioma, outros costumes e cultura não é fácil e exige muito do profissional. “Entre os desafios de ser um correspondente internacional está a grande jornada de trabalho, começar o dia sem hora para acabar, o fuso horário, trabalhar sozinho, sem colegas, sem chefes e o afastamento da família”, esclarece Luciane.
Para a formação de correspondente internacional há diferentes possibilidades. Além do curso superior em Jornalismo é preciso muito investimento em curso de idiomas, intercâmbios no exterior. “Tem muitos caminhos, é necessário muito investimento financeiro. A faculdade e redações não preparam os repórteres. É preciso estudar geopolítica, o cenário internacional e de Brasil”, explica a jornalista.
O fazer jornalismo é igual independente do país ou cultura, mas com as novas plataformas digitais e as novas tecnologias ele está em constante transformação e evolução. Em tempos passados a informação era mais lenta e transmitida por telefone ou telefoto, pelo correio ou, na maioria das vezes, através de agências de notícias. Isso inclui o correspondente no exterior, como explica a autora. “O correspondente, além de escrever mais rápido, tem que atuar em mais mídias, deve ser multitarefas. O contato com as fontes também é facilitada”, disse Luciane.