Por Eduarda Bitencourt e Thamyres Thomazini
Na última sexta-feira (05), ocorreu, no Campus da Unisinos Porto Alegre, o 7° Colóquio das Agências Experimentais de Comunicação, que teve como tema a autenticidade no ambiente experimental. A anfitriã deste ano foi a Agexcom, da Unisinos, e a organização ficou a cargo dos estagiários e professores. Compareceram 11 agências de diferentes partes do Estado, algumas delas com quase duas décadas de história e dezenas de estagiários, outras com pouco menos de um ano e núcleos pequenos. Entre veteranos e novatos foram cerca de 150 inscrições.
As faculdades convidadas chegaram no credenciamentos por volta das 9h e, às 10h30mim, as atividades tiveram início. Na abertura oficial, Gustavo Severo Borba, diretor do PPG de Design, fez uma breve explicação sobre o conceito das novas salas do campus, que receberam uma reforma. As paredes riscáveis e cadeiras foram desenvolvidas e projetadas pelo próprio curso da universidade.”Todo o conceito dos espaços tem por trás uma lógica de design experiência de sala de aula e quando a gente recebe um evento com pessoas de todo o estado para uma discussão coletiva enriquece a vida de todo mundo”, ressaltou.
A expectativa dos alunos e coordenadores durante o evento era de trocas de ideias, compartilhamento de experiências e informar-se sobre o mercado atual da comunicação. Para a coordenadora da agência Multiverso, do IPA, Valéria Deluca, o evento é de grande importância. “Eu acho que a finalidade do colóquio va,i muito além de vir aqui apresentar o trabalho que a gente desenvolve, a finalidade do colóquio é buscar o aprimoramento do ensino da comunicação social”, explica.
A estudante e estagiária da Verso Agex, da FADERGS, Caroline Rolim, 25 anos, trabalha no núcleo de produção multimídia e redes sociais e participou pela primeira vez de um colóquio. “Eu espero pegar muitas experiências, ideias e inspirações das outras agências porque a nossa está no primeiro ano e fazemos nossa própria demanda, então vai ser muito bom”, disse.
Andrei de Souza, 23 anos, está no quinto semestre do curso de Jornalismo, na Universidade Feevale e conta que este é seu segundo colóquio: “A experiência do outro colóquio foi de buscar um conhecimento diferente que eu não tinha, não estava habituado. Até então eu só conhecia o trabalho da nossa agência, da AGECOM, então a primeira vez que eu vim tentei ficar prestando atenção no trabalho das outras agências, até para buscar um maior aproveitamento dos nossos projetos e tentando ter uma ideia nova pra apresentar esse ano”.
Bate-papo com comunicadores de sucesso
Após as apresentações, teve início um bate-papo com cinco convidados a respeito da autenticidade e inovação no mercado de trabalho da comunicação. Guilherme Massena e Eduardo Seelig, da Dobra, de carteiras sustentáveis, o publicitário Luciano Braga, do estúdio de comunicação Shoot the Shit, Júlia Maciel, estudante de Jornalismo e social media do portal Mecasei.com e Alexandra Zanela, fundadora da Padrinho Agência de Conteúdo, estiveram presentes.
Durante a apresentação, Luciano Braga refletiu sobre as imposições e padrões do mercado e contando suas experiências. Depois de se decepcionar no antigo trabalho, resolveu fazer algo diferente na vida, indo contra os estigmas tradicionais. “Muitas agências, as principais e maiores tornaram-se indústrias de anúncios. Na nossa nós aceitamos receber menos, ter uma vida mais simples, mas ter nossa autenticidade, fazer apenas aquilo que acreditamos”.
Entre os assuntos mais discutidos estavam a prática da autenticidade no dia a dia, a monetização das inovações desenvolvidas, os desafios enfrentados e as transformações na sociedade. Alexandra acredita que o modelo de mercado está mudando e os consumidores também. “O mercado precisa e quer autenticidade e inovação, mas tem medo de contratar empresas não tradicionais”, refletiu.
A social media Júlia Maciel também contou um pouco da sua trajetória, tanto pessoal quanto profissional. Ela relata que mesmo dentro da comunicação há certos padrões e por não se encaixar neles busca arriscar diariamente em suas ações. “Eu queria arriscar, não trabalhar em um veículo. Porque comunicação não é só trabalhar em algum lugar, comunicação é o mundo. E o Mecasei, que é uma startup, me deu essa oportunidade, me abriu esse mundo. Ela me faz ver que eu posso ser diferente, ter minha ideias, trabalhar no meu horário e do meu jeito, produzir da minha maneira ao invés de ter que ficar repetindo funções o tempo inteiro”.
Respondendo a pergunta de um aluno sobre o conservadorismo de grande parte dos leitores, Alexandra enfatizou que o público resiste a mudanças, mas se adapta facilmente, assim como o mercado do jornalismo. “A informação não é mais uma exclusividade jornalística, nós somos curadores hoje. A partir da criação do facebook como uma nova forma de distribuição, como um compartilhador, as capas de jornais não são mais a fonte primária de informação”.
Nathana Guedes, da Agência A4, da Universidade de Santa Cruz, achou a experiência positiva, ainda mais por ser sua primeira participação. “Os convidados literalmente combinam com o tema, eles são realmente autênticos. E, realmente, o mundo está despriorizando o coletivo para as individualidades das pessoas. Eles estão preferindo as peculiaridades, ou seja, essas ideias fora da caixa. Então esse momento, da fala deles, eu achei bem legal, porque além de tudo foi dinâmico, foi descontraído e eles falaram numa linguagem bem clara”, disse.
Integração entre agências
No período da tarde, uma atividade integradora juntou alunos e funcionários de diferentes agências em grupos criados de forma aleatória. Peças de quebra-cabeça foram entregues no início do colóquio aos participantes, que formavam personagens de animações famosas. A missão era pensar na autenticidade de seus respectivos desenhos, relacioná-los com uma agência de comunicação e aplicá-los em uma campanha.
A aluna da agência Nexjor, da UPF, Caroline Beccari estava participando de seu segundo colóquio e considerou a integração muito interessante por ter unido os alunos e movimentado o pessoal. “Pessoas de diversas áreas e agências trabalhando juntas para um produto final. É importante, pois são jeitos diferentes de pensar então acabou juntando um pouquinho da ideia de cada um e surgiram grandes projetos e ideias”.
Finalizando o 7° Colóquio, os estagiários apresentaram as campanhas, mostrando criatividade e, principalmente, autenticidade, divertindo o público e demonstrando que o evento cumpriu seu papel. Entre as expectativas e planos futuros, está o desenvolvimento de um trabalho integrador entre diversas agências experimentais de comunicação do estado.