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Daniel Marenco
"“Gosto de fotografar todo tipo de coisa. Eu faço de tudo, mas isso não quer dizer que eu faça bem tudo”"
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(Texto: Matheus Fernandes)

Natural de São Leopoldo, Daniel Marenco é repórter fotográfico da sucursal carioca da Folha de São Paulo. Egresso da Unisinos, da turma de 2007, ele se considera “rodado”, pois trabalha em um dos principais jornais do país, além de ter passado por alguns impressos do grupo RBS, como Diário Gaúcho e Zero Hora.

“A fotografia é uma ótima desculpa para estar onde queremos estar. Pelo menos para conhecer as coisas que a gente quer conhecer”, conta o fotógrafo. A paixão pelo que faz é tanta que admite: “Só cursei Jornalismo por causa da fotografia”.

Daniel se preparando para fazer fotos no Maracanã. (Foto: Reprodução/Instagram)

Os primeiros cliques e a entrada na universidade

A vocação de Marenco ainda estava sendo descoberta quando registrou suas primeiras imagens. Ele trabalhava na assessoria de imprensa do Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Energia Elétrica do Rio Grande do Sul. “O colega que trabalhava comigo me ensinou a fotografar porque estava cansado de fazer as fotos das reuniões. Foi assim que eu comecei a tomar gosto pela coisa”, lembra.

Fazer fotos era uma novidade para Marenco, e a tarefa lhe agradava muito. Assim, resolveu fazer cursos na área para adquirir conhecimento. Foi nessa mesma época, em 1998, que o fotógrafo iniciante ingressou na Unisinos.

“Nessa altura eu já estava gostando bastante dos cliques. Então, resolvi fazer Jornalismo para não ficar apenas com fotografia”, explica Marenco, que trabalhava em uma assessoria de imprensa e se sentia perdido, sem saber o que fazer. “Surgiram conversas do tipo ‘você faz assessoria, porque não cursa Jornalismo?’ Resolvi fazer”, recorda.

O fotógrafo realizou a cobertura das manifestações no Rio de Janeiro. (Foto: Daniel Marenco)

A escolha por fotojornalismo

Antes de entrar na Unisinos, Marenco buscou alguns cursos na área de fotografia. Um deles – o que mais o marcou, por sinal – foi uma oficina, intitulada Fotoperiferia. Durante um final de semana, 34 fotógrafos entraram em uma imersão no morro Santa Teresa, em Porto Alegre, para capturar imagens.

Quando se inscreveu na oficina, Marenco tinha em mente que gostava de fotografia, mas não pensava em fazer aquilo em âmbito profissional. “O curso acabou sendo um divisor de águas na minha carreira”, revela.

No primeiro dia da oficina, houve um bate-papo e a apresentação da obra do fotógrafo João Weiner, que estava ministrando o evento – hoje, Weiner é colega de Marenco na Folha de São Paulo. No segundo encontro, os alunos participaram de uma saída de campo e, no terceiro, foi realizada a edição do material que cada um tinha feito.

“O Weiner foi fundamental para definir o que eu queria”, lembra Marenco. O professor mostrou alguns materiais que tinha em seu portfólio e um em especial foi marcante. “Aquilo ficou batendo na minha cabeça por cinco anos. Era um material que ele tinha fotografado no Carandiru”, recorda. Na ocasião, Weiner se inseriu dentro do presídio por algum tempo e fez muitas imagens.

Esse trabalho de Weiner ajudou Marenco a se decidir profissionalmente. ”Eu queria fazer o que ele fazia: fotojornalismo, trabalho com fôlego”, conta.

O egresso estava também no carnaval de São Paulo. (Foto: Daniel Marenco)

O trabalho como repórter fotográfico

Na Fotoperiferia, Marenco conheceu André Feltes, editor de fotografia do Diário Gaúcho, o qual começou a manter um contato. Naquela época, o então fotógrafo iniciante não tinha nenhum material para mostrar para Feltes. Marenco, então, ficou algum tempo juntando trabalhos, registrando o que podia. Chegou até a visitar a redação do jornal para tentar aproveitar alguma oportunidade de mostrar seu trabalho em campo, mas o fato de não ter um equipamento fotográfico dificultava muito.

Marenco não desistiu. Com um empréstimo bancário feito pela avó, conseguiu comprar um equipamento digital simples. A alegria foi tamanha que Marenco levou a câmera até a redação para mostrar a Feltes. “Ele me chamou para uma reunião. Pensei que iria reclamar e pedir para eu parar de ir lá”, conta. Mas, o que ocorreu foi justamente o contrário: o editor ofereceu-lhe a vaga de repórter fotográfico que estava em aberto com a demissão de Ricardo Jaeger.

Marenco lembra que começar a trabalhar em um jornal diário causou um pouco de estranhamento para ele. E, por isso, a ajuda de todos da redação foi importante. “O Diário Gaúcho foi uma das experiências mais gostosas que eu vivi. Ele tem gente muito legal. Fui bem acolhido e isso foi fundamental para o início de aprendizado”, conta.

Marenco se engajou no trabalho desde no início, com certa insegurança. “Na primeira matéria, tremi várias vezes, e era uma pauta muito simples. Tenho uma foto guardada até hoje”, lembra. “Hoje em dia, para eu tomar um susto em uma pauta, tem que ser algo muito difícil. Eu sei que, de algum jeito, eu vou resolver. Talvez não da melhor maneira, mas eu vou resolver”, diz.

Depois do Diário Gaúcho, o fotógrafo, agora mais experiente, foi trabalhar na Zero Hora. Com a mudança de jornal, Marenco percebeu a diferença na linha editorial. “Na ZH, a fotografia tinha que ser um pouco mais composta. Era uma foto diferente. No começo, foi estranho, mas me acostumei”, garante.

Reconhecimento

O ano de 2009 foi vitorioso na carreira de Marenco. Nessa época, o fotógrafo produziu um material que retratava o cotidiano do Presídio Central de Porto Alegre – ensaio que mais tarde tornou-o finalista do Prêmio Esso. Marenco também foi premiado no 7º Concurso Cultural Leica Fotografe Melhor, na categoria Ensaio, e convidado a participar de uma leitura de portfólio no festival Photoespaña, em São Paulo. Como se não bastasse, Marenco foi convidado, no mesmo ano, a integrar a equipe do jornal Folha de São Paulo. “Foi um ano muito bom para mim na fotografia”, comenta.

Marenco fez algumas fotos da tragédia em Matadouro, Rio de Janeiro, onde houve 600 mortos por causa das chuvas. (Foto: Daniel Marenco)

A ida para a Folha de São Paulo

Na Folha, onde trabalha até hoje, Marenco sentiu o impacto de trabalhar ao lado de grandes fotógrafos. ”Quanto você entra no fotojornalismo, começa a se ligar em algumas pessoas e acaba criando algumas referências. Quando se dá conta, está trabalhando com elas”, conta o fotógrafo. Marenco lembra que, certa vez, em uma pauta no Estádio Pacaembu, se viu ao lado de profissionais tão reconhecidos que chegou a se assustar. “Tive que fazer exercícios do tipo ‘tudo bem, esquece eles e faz o teu trabalho’”, brinca.

Marenco lançou, recentemente, seu novo site. Entre seus trabalhos, o que mais se destaca é justamente o material feito no Presídio Central de Porto Alegre. Há também a cobertura feita dos Jogos Pan-americanos de 2007, no Brasil, além de retratos de músicos conceituados no país, como Caetano Veloso, Chico Buarque, Maria Rita e Gilberto Gil.

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