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Restrições na indústria de brinquedos reflete sociedade conservadora
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Os estereótipos enraizados na sociedade estão presentes em todas as fases do desenvolvimento humano. A distinção entre homens e mulheres se torna evidente já na infância, quando brinquedos são definidos como “de menina” ou “de menino”.

Uma empresa de brinquedos européia, Top Toy, por exemplo, decidiu quebrar esses paradigmas e fazer os catálogos dos brinquedos sem restringir por gênero. Na visão da empresa a forma de brincar é a mesma e é preciso dar o direito de escolha às crianças. Se um menino quer brincar com um mini fogão ou com uma boneca e uma menina com carrinho e ferramentas, qual o problema disso?

Para a psicóloga e professora, Fernanda Hampe Picon, especialista em questões de gênero, raça e sexualidade, diariamente há um aprendizado nos múltiplos espaços como TV e internet sobre como devemos agir.  “Estes ensinamentos vão reproduzir sofrimento na medida que limitam o ser humano”, enfatiza. Além disso, a brincadeira  é outro espaço que vai reiterar a construção social, por isso se torna tão importante que os pais possam conversar com seus filhos. De forma leve e até lúdica, é preciso explicar as diversas formas de amar, de família e até sobre raça e representatividade.

Como mãe, Fernanda relata que muitas vezes viver em uma sociedade ainda conservadora gera angústia. Apesar de trabalhar e desafiar diariamente os padrões de gênero considerados corretos, os equipamentos sociais e discussões conservadores estão presentes, por isso é uma luta diária em busca da desconstrução social tanto com seus filhos quanto alunos.

O sistema capitalista utiliza destas questões para alcançar metas. Segundo o professor de Publicidade e Propaganda e pesquisador de gênero, José Luís Reckziegel, foi a partir da Segunda Guerra Mundial e da mercadologia que as segmentações de brinquedos cresceram, contrariando o aumento do empoderamento feminino e as tentativas de desconstrução social. Reckziegel explica também as pesquisas de gênero se intensificaram preocupando muitas instituições religiosas e o setor educacional da época.

Devido à função e os processos culturais vinculados sobre como ser homem ou mulher, a publicidade se apropriou destas ideias para vender produtos. O surgimento dos super heróis reiteraram estes estereótipos. Porém, o professor de publicidade esclarece que essas construções não foram intencionais e sim uma consequência, visto que após as batalhas a população, principalmente os homens, estavam sensibilizados após diversas perdas.

Reckziegel conta que no inicio dos anos 2000 um determinado grupo de empresas tomou consciência que os brinquedos e as brincadeiras não têm relação com gênero, entretanto os produtos tradicionais ainda têm seus espaço. Sobre a quebra desses paradigmas o professor reflete: “É mais uma questão de abrir a mente dos pais do que dos fabricantes. São essas crianças que vão criar uma nova visão de mercado, respeito ao próximo e as diferenças”.

Mesmo com a discussão de gênero sendo mais aberta e frequente atualmente, nunca foi tão evidente a separação criada pelas indústrias de brinquedos. Ao entrar em uma loja para comprar um presente para uma criança as opções são imergir em um mundo cor de rosa ou azul. Além de ser um atraso social estas restrições dificultam e limitam meninas e meninos de explorar, aprender e sonhar fora dos padrões. É preciso dar liberdade para os pequenos, só assim teremos uma população mais evoluída.

Material produzido para a disciplina Psicologia: da modernidade à contemporaneidade, por alunas do curso de Psicologia, da Unisinos Porto Alegre. Ele enfatiza a necessidade de quebrar as barreiras que limitam cores e brinquedos infantis.
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