Concept art é um termo que pode gerar dúvida e até confusão. Muitos relacionam, ao traduzir o termo da língua inglesa, com o movimento da Arte Conceitual Contemporânea, mas são bem diferentes. O concept art é uma forma de ilustração com a função de representar a ideia visual do design de um produto. “É uma arte conceitual que vai conceber a pré produção antes de ser aprovado”, explica Eduardo Schaal, concept artist – como se chama o profissional da área – que trabalha há mais de 20 anos nesse segmento.
Os temas mais comuns dessa técnica são ficção científica e fantasia, mas não é restrita a esses gêneros. Atualmente, é utilizada também na publicidade, no cinema, em revistas, livros, quadrinhos e até no setor automobilístico. E, apesar de ser um tipo de ilustração, ela pode ser desenvolvida de maneiras diferentes. “Essa forma de ilustração pode ser feita de muitas maneiras, não apenas digitalmente. É possível fazer por meio de desenhos manuais, esculturas, esboços e softwares”, comenta Schaal, que já trabalhou em empresas como Trattoria Filmes, Oca Animation e Vetor Zero, em São Paulo, e desenvolveu projetos para a BBC, NatGeo, Discovery e History Channel, na Inglaterra.
Algumas das principais atribuições de quem quer trabalhar nessa área, além saber desenhar, é a criatividade e o contato diário com cultura em geral. O concept artist deve estudar vários temas e ter muitos conhecimentos. É preciso aprender fundamentos de desenho, entender sobre cor, luz, perspectivas, fotografia, história da arte e noções de anatomia. A professora e ilustradora Carolina Mylius, que utiliza o concept art há 13 anos, explica que é preciso ter muitas referências para realizar um trabalho de qualidade. “O mercado exige técnica e sensibilidade, além de um variedade de estilos”.
No produção de filmes e animações, é comum as ilustrações em concept art serem feitas baseadas nas referências já estabelecidas pela direção de arte. Mas também é possível que o artista trabalhe livre para criar. Carolina, que dá aulas na Escola Elemental, de Porto Alegre, e já trabalhou em grandes produtoras como Ubisofte e Southlogic Studios, esclarece que, na produção do design de um personagem, por exemplo, há diferenças quando o projeto é voltado para filmes realistas e para games. No caso de produções cinematográficas, normalmente o ator é escolhido com antecedência, por isso cabe ao ilustrador estudá-lo. Se a personagem ainda não possui um ator definido para representá-la, o concept art se torna uma forma de convencê-lo a aceitar o papel.
Nos games e histórias baseadas em livros, o artista tem mais liberdade criativa. Carolina relata que há casos que o autor não tem ideia de como deve ser os cenários, os figurinos, as cores, os objetos, os personagens, isto é, a identidade visual do jogo ou da animação. Por isso o concept art trabalha em conjunto, estudando a história e o conceito para desenvolver em cima disso. No marketing e divulgação das produções, a técnica pode ser fundamental também, pois o layout desenvolvido pelo artista pode despertar o interesse de patrocinadores e possíveis compradores, fundamental para o sucesso do projeto.