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Daniel Pedroso, passageiro de algum trem
"Repórter gosta de uma boa história. E hoje, no Dia do Jornalista, o Mescla homenageia a profissão revelando detalhes da vida de um deles, um certo jovem aventureiro, que começou sua carreira aos 7 anos de idade incomodando vizinhos"
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Por Paola De Bettio (*)


Foi com um gravador de voz da Phillips, presente dado pelo pai, que Daniel Pedroso começou a se aproximar do jornalismo. Lá pelo fim dos anos 1970, Dani, com 7 anos, visitava casas em São Francisco de Paula acompanhado pelo equipamento, entrevistando o pessoal da cidade. 


Apesar de ter realizado o curso de Jornalismo Aplicado da Zero Hora e ter ficado entre os selecionados para a entrevista final, foi caminhando pelos corredores da redação do jornal que encontrou Alice Urbim, então gerente de Programação da RBSTV. Com ela, ficou sabendo de uma vaga aberta para estágio na emissora. E foi assim que a carreira de Dani começou, já diretamente ligada ao audiovisual.


Alguns anos depois, quando dividia suas atenções entre o trabalho na RBSTV e na recém-nascida TV Unisinos, Dani passou a se interessar por documentários. Partiu para Cuba, onde estudou o assunto na Escola de Cinema e Televisão. Lá, participou da Oficina de Direção de Documentário, baseada no trabalho de Santiago Álvarez. 


Agora, na pandemia, Daniel tem assistido muitas transmissões pelo YouTube, explorando conteúdo. Além de usar as plataformas de streaming, ele assiste “TV em fluxo”, conferindo um pouco de cada canal, como se “estivesse eternamente procurando alguma coisa”. As séries com temática histórica, eventos ao vivo e coberturas jornalísticas simultâneas, como a das eleições e a da pandemia, chamam a atenção de Daniel como espectador.

Um estágio na RBSTV deu início à trajetória de Daniel no jornalismo audiovisual
(Foto: Arquivo Pessoal)


Na Suíça, ajuda a refugiados


A vida sempre trouxe boas surpresas para Dani, e a sorte parece estar sempre ao seu lado. Logo depois de concluir a graduação, em 1993, uma amiga de infância indicou um intercâmbio, através da Associação Brasileira de Intercâmbio Cultural (ABIC). Sugestão aceita. Partiu para Zurique, na Suíça, onde atuou como voluntário com exilados políticos da Sérvia, Croácia e de alguns países africanos. Com certeza, os anos 1990 foram intensos. A queda do muro de Berlim não tinha completado nem cinco anos. Ao lembrar dessa época, veio à memória de Dani o dia em que Kurt Cobain morreu, e ele e o pessoal passaram a noite toda assistindo a transmissão do velório da lenda do Nirvana. 


Em Zurique, o vínculo do seu trabalho era com uma espécie de secretaria social. O primeiro deles foi com jovens exilados no “jugendtreffen”, ou “encontro de jovens”, local que oferecia cursos livres. Dani ajudava em um laboratório para fotografias em preto e branco e em um café. Grandes oportunidades se misturavam com o desvario de gente jovem. Nas viagens para conhecer as localidades próximas, chegou a passar 40 dias com apenas 400 dólares no bolso, acompanhado de amigos, uma mochila e um saco de dormir.


O intercâmbio chegou ao fim. Sem saber o que fazer com o alemão que aprendeu, foi para a casa de uma amiga em Londres, e acabou ficando oito meses na Europa. Com o transporte caro, caminhava pelas ruas britânicas mais de uma hora por dia, o que se tornou uma grande oportunidade para conhecer a cidade para além da Trafalgar Square.


Não há quem não goste do Daniel,
uma pessoa com uma bagagem cultural
e de vida imensa, senso de humor
aguçado e uma leveza natural


Desde que voltou, Dani trabalhou durante um tempo na RBSTV produzindo o Jornal do Almoço, realizou o Curso de Direção de Documentário em Havana e trabalhou como chefe de redação da TV Unisinos. Foi ali, inclusive, na emissora universitária, que ao produzir uma entrevista com Stewart Hoover, antropólogo e pesquisador sobre religiosidade, mais uma “loucura” aconteceu. Dani comentou com o convidado sobre o desejo em realizar o Doutorado fora do Brasil e a dificuldade para conseguir uma oportunidade. Eis que Stewart, vejam só, conseguiu ajudar nosso Dani, que partiu para estudar em Austin, na Escola de Comunicação da Universidade do Texas, nos Estados Unidos. 


Entre o real e o abstrato, entre a loucura e a lucidez. Assim podemos resumir essa figura que é hoje professor no curso de Jornalismo da Unisinos da Unisinos e integrante da equipe de professores orientadores da Agência Experimental de Comunicação (Agexcom). Não há quem não goste do Daniel, uma pessoa com uma bagagem cultural e de vida imensa, senso de humor aguçado e uma leveza natural.


(*) Paola é aluna do curso de Jornalismo da Unisinos. O texto acima foi produzido por ela para uma das etapas da Seleção de Estagiários da Agexcom 2021, que solicitava a produção de um miniperfil baseado em uma entrevista por telefone cuja duração não poderia superar 15 minutos. Como podemos ver, Paola superou a atividade com sucesso. Áh, e como jornalistas gostam de dar notícias, lá vai uma em primeira mão: Paola acabou de ser admitida como repórter do Portal Mescla.

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