#Avante #João Patrón #Lau Patrón #Laura Patrón #Leãozinho #SHUa #TEDxUnisinos
#TEDxUnisinos: Lau Patrón
""
Avatar photo

“Avante, Leãozinho” é o nome de uma página do Facebook com 19.370 curtidas. A página conta a história do menino João Vicente Patrón Santoro, de seis anos, diagnosticado com uma síndrome rara, genética e autoimune, a SHUa. A síndrome também provocou em João um AVC isquêmico que deixou sequelas motoras.  

Adversidades à parte, o Leãozinho sobreviveu e hoje, quatro anos após o ocorrido, apresenta melhoras constantes e chances reais de recuperação. Durante toda a trajetória de luta diária, há a presença constante e indispensável da mãe, Laura Costa Patrón. Aos 29 anos, a publicitária de formação é uma das convidadas a palestrar no TEDxUnisinos, que ocorre dia 17 de agosto no Teatro Unisinos, em Porto Alegre. 

O tema da fala tem tudo a ver com diversidade e inclusão, assuntos pertinentes na trajetória de mãe e filho. A página “Avante, Leãozinho”, criada por ela, além de ser um canal que mostra as conquistas diárias do filho, também traz visibilidade para problemas recorrentes tanto na vida de João como na de Lau. 

Gaúcha de Porto Alegre, Laura prefere ser chamada de Lau, é amante da leitura, da dança e da natureza. Se autodenomina uma “escritora por necessidade”.  

Laura Costa Patrón / Foto: Reprodução

“Somos bem solares lá em casa, do dia, do bom humor matinal, da bagunça em família, do café da manhã afetivo”. Contudo, é fora de casa que as adversidades se fazem presentes e a batalha por melhorias começa, explica. 

Lau, na verdade, não gosta da palavra inclusão, pois o termo carrega consigo a existência da exclusão, um lembrete de que vivemos em uma sociedade preconceituosa. A escritora prefere falar em “diversidade e na potência e riqueza de assumirmos que somos todos diferentes, ainda que todos iguais”. 

Para mãe e filho, o dia a dia é complicado. As calçadas, por exemplo, são um problema seríssimo. João está aprendendo a andar de cadeira de rodas sozinho, mas é impossibilitado de treinar na rua, pois corre o risco de cair em buracos. “Poucas rampas de acesso são aceitáveis, o transporte público, quando é inclusivo, o mecanismo não funciona, os motoristas de aplicativo cancelam corridas. Parece que a sociedade está sempre dizendo ‘não queremos vocês aqui, voltem para e reclusão nas próprias casas’. Mas nós não vamos voltar”. 

 

Lau também não gosta da palavra problema quando usada para definir alguém. Ela acredita tratar-se de uma fuga, preguiça de se envolver e de aprender. A publicitária relembra que crianças com algum tipo de necessidade especial já foram descritas como problema, doente, retardado.  

“São palavras muito significativas que desumanizam aquele ser. Acho que hoje não tem desculpa para tanta ignorância. As necessidades especiais são apenas uma parte do que aquela pessoa é. Meu filho tem paralisia cerebral, ele não é a paralisia cerebral”, justifica.  

Na visão da escritora, para solucionar essas complicações, ser ético já basta. Lau também vê a necessidade de educar os pais antes de ensinar os filhos. “A minha resposta é dirigida para os adultos. Chega de silêncios, chega de pegar a saída mais próxima e repetir mais uma vez: ‘ele tem problema’. O papo de ‘ninguém ensinou a nossa geração a lidar com isso’ é verdadeiro, mas não serve de desculpa. ‘Isso’ é uma pessoa”, desabafa. 

Sobre as expectativas com o TEDxUnisinos, Lau espera “impactar pelo coração”. Quer que os espectadores reflitam e percebam que mudanças singelas podem afetar de forma direta a vida de alguém que, como o João, delas necessita. Lau espera falar sobre inclusão de uma forma descomplicada, empática e interessante. “Na minha vida pessoal, espero que seja o começo de uma caminhada falando de inclusão. E de amor, sempre de amor.” 

Mais recentes