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Uma leitura revolucionária
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Seja por acontecimentos em seu enredo ou reviravoltas inesperadas no caráter de alguns personagens,  “A Revolução dos Bichos” é um daqueles livros que não te deixam dormir com o final. Não queremos dar spoilers, mas esta obra, publicada em 1945, consegue manter-se atual em suas críticas à sociedade.

Pontos como classe trabalhadora alienada, manipulação psicológica,  culto à personalidade do líder, adoção de medidas tirânicas e a criação de privilégios para uma elite dominante às custas do suor de seu povo, são tratados na obra. Mas o mais marcante é o abandono de ideias sociais defendidas inicialmente.

George Orwell elabora através de uma fazenda de animais, críticas pontuais à história do comunismo soviético e a outros regimes totalitários em ascensão na Europa, como o fascismo de Hitler. Alguns dos personagens do livro são baseados em figuras como Stalin, Lenin e Trotsky. Mas caso você não seja familiarizado com estas figuras, ao final do livro, Orwell contextualiza a obra em seu período histórico.

A história

Na “Granja do Solar” do Sr. Jones, os animais são explorados, trabalhando em troca de comida, que muitas vezes não é suficiente para seu sustento. O velho porco Major, vendo sua velhice chegar, partilha com os  animais da granja, o sonho de ver a granja comandada por eles próprios.

Foi nesta reunião que os animais aprenderam e cantaram pela primeira vez a canção “Bichos da Inglaterra”, que traz a filosofia do Animalismo, onde todos são iguais. Maravilhados pelas palavras do velho porco, os animais ficaram maravilhados com as possibilidades de igualdade que estariam por vir.

Os sete mandamentos do Animalismo:

1- QUALQUER COISA QUE ANDA SOBRE DUAS PERNAS É INIMIGO;

2- O QUE ANDA SOBRE QUATRO PERNAS, OU TENHA ASAS, É AMIGO;

3- NENHUM ANIMAL USARÁ ROUPA;

4- NENHUM ANIMAL DORMIRÁ NA CAMA;

5- NENHUM ANIMAL BEBERÁ ÁLCOOL;

6- NENHUM ANIMAL MATARÁ OUTRO ANIMAL;

7- TODOS OS ANIMAIS SÃO IGUAIS.

O equilíbrio, no entanto, é ameaçado quando, com a morte de Major, dois porcos totalitários tomam o poder e passam a viver na antiga cada de Sr. Jones e começam a modificar os sete mandamentos iniciais. Ao final, apena um é imposto:: Todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais do que outros.

A escolha do estilo fábula não foi ao acaso. Vivendo em regimes suscetíveis a censura, tratar de assuntos tão delicados poderia trazer problemas ao autor. Deste modo, contar a história de governos totalitários, através de uma fazenda de animais, disfarçaria o discurso a apenas uma história para crianças, além de distanciar-se o suficiente para que o leitor enxergue os absurdos do comportamento humano.

A obra que virou música

Apontado pela revista Time como um dos cem melhores livros da língua inglesa, “A Revolução dos Bichos” inspirou diversas músicos a comporem sobre o tema. Bandas como R.E.M. The Clash e Radiohead fizeram menções a obra de George Orwell em suas músicas, ou capas de disco. Mas, com certeza foi Pink Floyd quem marcou a junção da obra com o cenário musical.

Assim como no livro, álbum “Animals”, fala sobre o controle da fazenda sendo tomada pelos animais após uma revolta contra seus donos. o Disco é composto por cinco faixas, onde cada uma delas retrata um animal. Ovelha, fazendo uma analogia a população, o porco, retratado como líder e o cachorro, um magnata. Cada uma das cinco faixas do álbum traz uma crítica à sociedade e a seus comportamento.

O músico da banda britânica Roger Waters foi responsável por compor todas as canções do álbum, com exceção de “Dogs”, co-escrita com David Gilmour. Waters levou em consideração outra obra de Orwell em suas composições. “1984” também já apareceu em canções do Pink Floyd.

A dica é ler o livro e escutar o álbum, pois as ideias encaixam-se com perfeição, além, é claro, de “Animails”, ser a trilha sonora perfeita para a leitura.  

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