Jeff Ramos
"Foi muito difícil chegar aqui. Estou desde os 17 anos nesta empreitada"
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Super Mario Bros, Legend of Zelda, Final Fantasy e Banjo Kazooie. Imagine jogos de video game que fizeram parte da sua infância e, de repente, você passa a fazer parte da criação de games que participam da vida de outras pessoas. Foram esses os passos que levaram Jefferson Ramos, o Jeff, a ingressar no curso de Jogos Digitais da Unisinos, ainda em 2008. De lá para cá, uma longa caminhada o levou a Londres, com escala em Gdańsk, no litoral polonês.

Natural de Porto Alegre e com dois irmãos, Jeff sempre gostou de jogos e, quando descobriu o curso da Unisinos, largou Análise de Sistemas e abraçou Jogos Digitais. “Pedi demissão do estágio que eu tava e fui. Eu jogava bastante, sempre fui fã de coisas mais lúdicas”, explica o programador e animador, que hoje vive em Londres.

Até chegar à faculdade, ele ainda passou por cursos técnicos de programação e animação, sempre voltado à computação. Mas as grandes experiências surgiram ainda na Unisinos, quando participou da equipe de futsal do curso que era imbatível na época. “Foi ótimo o tempo aí. Comecei a trabalhar e ganhar experiência, mesmo não sendo um ótimo aluno. Passei a ser mais objetivo e conseguia criar bastante coisa”, conta Jeff. Foi ainda na Unitec, unidade de negócios que encuba ideias inovadoras na Unisinos.

Aos poucos

Na encubada da Unitec, Jeff estava inserido em um projeto para desenvolver um game online. Porém, a falta de experiência falou mais alto e acabaram por falhar. Entretanto, segundo ele, o aprendizado foi imenso. Então, surgiu a primeira oportunidade profissional na Advergames, ainda como programador e animador. “Fui morar sozinho e nesse período o trabalho foi importante para que conseguisse me manter, foi a partir da metade da faculdade”, explica.

Depois, passou pela Box 3, onde produziu muitos jogos e começou a se aventurar em outras formas de programar os games. Na Iceland, que depois virou DoubleLeft, passou a ter outras experiências e, pelo trabalho mais burocrático, passou a aprender a desenvolver em mobile por conta própria. “Tive até um projeto de game para Windows Phone, que deu certo e depois ainda ganhei um celular Nokia por ter produzido o jogo”, conta. Foi o primeiro grande passo da carreira de Jeff.

A partir daí, aos poucos Ramos decolou. Já formado e ainda na Iceland, em 2013, mesmo começando a se sentir incomodado pela pouca demanda, começou a produzir em HTML5 (uma linguagem de programação web) utilizando a engine PixiJS para desenvolver os jogos. Experiência que seria utilizada muito depois e o faria alçar vôos ainda mais altos. “Nisso eu já tava há quase um ano na empresa e resolvi mudar de novo”, lembra.

Desenvolvendo protótipos e agora estagiando na Goya, da agência Escala, onde reencontrou amigos de outras experiências, foi convidado a participar do projeto A Fuga das Aves Raras, do Pretinho Básico. No tempo livre, produziu o game em parceria com um antigo chefe dos tempos de DoubleLeft. “Foi então que resolvi que poderia sair do Brasil e comecei a buscar vagas em publishers estrangeiras em busca de oportunidades”, afirma.

Jeff entre amigos, na Global Game jam, em Gdansk. Foto: Arquivo Pessoal.

Oportunidade no exterior

Foi então que a Spil Games, empresa holandesa de jogos, gostou do portfólio de Jeff e convidou-o para participar de alguns projetos. “Foram três games desenvolvidos em conjunto com eles. Foi o suficiente para quitar todas as minhas contas no Brasil. Comecei a mandar currículo para empresas do mundo todo”, conta.

Porém, por ser brasileiro, o nível de dificuldade era maior devido ao idioma. “Muitas vezes caí logo na entrevista. Tinha dificuldades de me expressar em português”, explica. Então, uma empresa polonesa chamada Playsoft gostou do currículo de Jeff e em outubro de 2015 ele embarcou rumo a Gdańsk, cidade fria no litoral norte do país. “A vaga era para trabalhar com a engine Unity e eu nunca tinha feito nada desta forma. Fiz algo bem bizarro no sentido da programação, mas eles gostaram da minha proatividade”, explica Jeff.

Após seis meses de empresa, sem nunca parar de criar protótipos em HTML5, especialidade do programador, notou que tinha pouca liberdade para criar e desenvolver novos projetos. Decidiu novamente mudar de ares. Aí começou novamente a buscar outras experiências. Ali, conheceu o criador da PixiJS, que gostou bastante do portfólio e, após algumas conversas por Skype, ofereceu uma vaga Sênior para ele na Goodboy Digital, em Londres, em novembro de 2016.

Segundo ele, o foco para sair do Brasil surgiu ainda em 2012, mas foi necessário muito suor para chegar onde chegou e adquirir as experiências que necessitava para conquistar seu espaço no mercado. “Foi muito difícil chegar aqui. Estou desde os 17 anos nesta empreitada. Foram 11 anos trabalhando”, relembra Jeff, que buscou seu espaço e hoje constrói games para uma nova geração de jogadores que, assim como ele, são apaixonados pelo universo dos games.

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