Por dentro

#empreendedorismo
Evento discute renascimento do empreendedorismo
""
Avatar

Texto por Paulo Egídio

A Quarta Revolução Industrial já começou. Acreditando nessa premissa, a sucursal de Porto Alegre da Câmara Americana de Comércio (Amcham) promoveu a edição de 2017 do CEO Fórum Porto Alegre. O evento foi realizado na tarde desta terça-feira (27/6), no Teatro do Bourbon Country, com o “Renascimento 4.0” como conceito principal. Cerca de 1200 pessoas participaram do encontro, que reuniu lideranças empresariais, executivos, profissionais liberais e representantes do meio acadêmico e teve a Unisinos como principal parceira.

Em um palco decorado com referências ao movimento renascentista europeu da Idade Média, a abertura do fórum foi realizada pelo presidente do Conselho da Amcham em Porto Alegre, Osvaldo Schirmer. Segundo ele, o objetivo da entidade é promover inovação tecnológica, desenvolvimento da educação e promoção de novos talentos. “Esses ideais estão diretamente ligados a três princípios: livre iniciativa, economia de mercado e Estado de direito”, declarou. Em seguida, o gerente regional da Amcham, Marcelo Rodrigues, afirmou que a instituição deseja ajudar a “construir o futuro do Rio Grande do Sul através do empreendedorismo”.

Talento e aceitação do erro

Primeiro convidado a palestrar, o diplomata Marcos Troyjo, professor da Universidade de Columbia, chamou atenção para duas tendências do mundo contemporâneo. A primeira diz respeito à profusão de “cisnes negros” (eventos inesperados), como a eleição de Donald Trump, o Brexit e a rejeição do acordo de paz na Colômbia. “Existe um cabo de guerra entre as forças pró e anti globalização”, frisou.

Diplomata Marcos Troyjo abriu o ciclo de palestras e defendeu reinvenção através do talento. Foto: Paulo Egídio

O segundo ponto levantado por Troyjo foi o surgimento da Indústria 4.0, cuja matéria prima principal é o talento. “Nessa nova realidade, o talento significa ter capacidade de ser multifuncional, desenvolver aptidões e estabelecer conexões”, resumiu.

Em seguida, quem se pronunciou foi Gustavo Ioschipe, CEO da empresa Big Data, que descreveu o conceito de Machine Learning (aprendizado da máquina) e relatou que alguns algoritmos já conseguem criar modelos que reproduzem a real complexidade do comportamento humano em sua totalidade. “Essa revolução científica está chegando à gestão de empresas e aos governos”, apontou Gustavo. Ele também defendeu que as empresas “permitam o erro” de seus profissionais. “Toda inovação tem margem de erro maior do que a repetição do que já é feito”, ressaltou.

Gustavo Ioschipe, da Big Data, salientou que erros são parte do processo de inovação. Foto: Paulo Egídio

O próximo orador, José Mario Caprioli, presidente da Holding Azul, controladora das companhias aéreas Azul e Trip, apresentou um histórico de sua atuação profissional e do surgimento da Trip e criticou os empreendedores que prezam pelo comodismo. “Ou você promove mudanças e suporta o crescimento ou se contenta com uma vida medíocre e confortável”, sentenciou. Caprioli também salientou que um bom líder deve aprender a lidar com a incerteza e suprimir os erros. “Exigir o melhor e o máximo de todos é o que temos que fazer como líderes”, afirmou.

Combate à inflação

Último e mais aguardado palestrante da tarde, o economista Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Central do Brasil, iniciou sua manifestação criticando as práticas de isolacionismo, inflacionismo e seletivismo econômico. Ao mesmo tempo, Franco, um dos responsáveis pela implantação do Plano Real, apresentou a receita de crescimento econômico de um país, resumida no tripé superávit primário, câmbio flutuante e metas de inflação.

Economista Gustavo Franco prega um “renascimento liberal” para o país. Foto: Paulo Egídio

O economista fez uma “anatomia” da crise econômica por que o país passa e atacou o “desastre fiscal” protagonizado pela Nova Matriz Econômica, implementada a partir de 2010. “A corrupção que quebrou a Petrobrás, o aparelhamento do sistema regulatório e a alavancagem exagerada dos bancos públicos, aliados ao seletivismo econômico, geraram esse capitalismo de quadrilha que temos hoje”, declarou

Por fim, Gustavo Franco indicou os desafios a serem enfrentados pelo governo Temer, destacando a retomada da atividade com consolidação fiscal e a recuperação econômica dos estados, através da venda de ativos e da supressão de aposentadorias especiais e privilégios de servidores. Ele ainda sublinhou não há “maldade” em adotar políticas liberais. “O econômico e o social andam juntos, e fazer a coisa certa na economia sempre funciona”, assegurou, defendendo que, a partir do processo eleitoral de 2018, o Brasil caminhe para um “radicalismo ao centro” e respeite os consensos adotados a nível internacional.

Mais recentes