Camila Kehl
"“Seja bolsista. Abre tua mente e te familiariza com a escrita acadêmica”"
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(Texto: Cassiano Cardoso)

Após revirar o espaço da Rádio Unisinos FM em busca de um lugar sossegado para conversar, em meio à correria dos profissionais e estagiários, finalmente Camila Kehl puxou uma cadeira em um dos laboratórios e nos contou um pouco da sua vida. Aos mais desavisados, Camila é locutora da rádio da universidade. Com o look quase todo preto, exceto o tênis All Star roxo, é o sorriso e as risadas que mostram sua personalidade.

Hoje com 32 anos, depois de uma longa caminhada acadêmica, Camila é jornalista diplomada. Ela iniciou a faculdade em 2002 e formou-se apenas em 2014. Filha de dona de casa e pai autônomo, sempre teve a música como uma de suas fontes culturais e o rádio como um veículo presente na sua vida. “Na minha casa, eu sempre escutava rádio FM e de notícia. A área sempre foi a minha preferida”, conta. Mas a ideia de fazer jornalismo surgiu com um teste vocacional e logo vieram os questionamentos. “Tu vai fazer jornalismo? Isso é muito difícil. Faz direito”, ouviu da orientadora vocacional.

Ainda na infância, a cobertura da queda do muro de Berlim é uma de suas memórias mais marcantes. “Eu era muito pequena, mas aquilo me marcou muito. Tem um pouco disso também”, afirma a locutora. Mas é nas novelas que ela encontra sua verdadeira paixão. “Sempre fui muito noveleira. Acompanho desde sempre. Agora, tô fissurada nas novas séries da Globo. Elas têm um texto muito bom”, explica. As novelas inclusive foram tema do TCC e também uma das motivações para seu antigo blog, atualmente desativado por falta de tempo.

Na academia, estagiou na Unisinos FM muito antes de ser contratada, onde logo no terceiro dia já estava cobrindo o vestibular da universidade. “Eu me coloquei à disposição para participar. No dia, o Jimmy Joe me entregou o fone e o microfone já para fazer reportagem ao vivo para a rádio”, lembra. Era o primeiro estágio dela na área.

Após completar os dois anos de estágio na rádio, foi chamada para a assessoria de imprensa da Prefeitura de Novo Hamburgo, onde conheceu o outro lado do jornalismo. “Lá, realmente conheci a cidade onde nasci e cresci. Eu moro num bairro popular, mas a gente não conhece as outras quebradas. O que as pessoas realmente precisam e as demandas levantadas por eles”, pontua a apresentadora.

Na universidade, ela tem boas lembranças e aos poucos foi retornando ao rádio. Estagiou na Agexcom, no extinto núcleo de radiojornalismo, com a professora Patrícia Weber, onde a produção era bastante diferente. “Não tinha o ao vivo da Unisinos FM. Era tudo gravado, precisava trabalhar bastante com sonoras”, aponta. Camila também carrega experiência no meio acadêmico, quando foi bolsista de iniciação científica com a professora Adriana Amaral.

“Foi um período muito legal. Falava muito de música e cultura pop. Tive artigo sobre Indie e Sertanejo recebendo menção honrosa na Mostra de Iniciação Científica da Unisinos. Publiquei na UFPB e na UFSC”, relembra, empolgada ao notar o quanto produziu durante a faculdade. “Se tem uma dica que eu deixo é que tu sejas bolsista. Abre tua mente e tu te familiarizas com a escrita acadêmica”, conclui.

Mais tarde, ela foi convidada a retornar à rádio, onde traz questões de gênero, cultura e tecnologia no programa Atômica. “Buscamos educar os ouvintes. Trazer e contextualizar os álbuns. Por ser uma rádio educativa, isso é muito importante”, ressalta sobre o trabalho atual. Para o futuro, a ideia de seguir carreira na academia não é descartada. “Eu curto trabalhar na rádio, mas também tenho vontade de continuar na academia. É algo que sempre me interessou”, explica ela, levantando a dúvida do próprio futuro.

 

Pingue-pongue

Um professor inesquecível: Patrícia Weber e Adriana Amaral

Uma vez matei aula para: assistir ao último capítulo de Senhora do Destino

Um “amigo de infância” que fiz durante a faculdade: Juliana de Brito e Josué Braun

Um livro marcante: “1933 foi um ano ruim”, de John Fante

Um mico que paguei na faculdade: alguns vídeos que interpretei personagens durante a faculdade

Meu lugar favorito na Unisinos: os estúdios de rádio do quarto andar

Todo jornalista é: curioso

Todo jornalista deveria ser: cauteloso

Um profissional na área que foi referência para mim: Caco Barcellos

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