#egresso #jornalismo
Fernanda Mocellin Baumhardt
"“Então eu fui para Malawi, na África com a Cruz Vermelha. Eles eram quem mais precisava de ajuda humanitária”"
Avatar

(Texto: Natália Collor)

Fernanda Mocellin Baumhardt conhece 45 países, mora atualmente em Genebra e coleciona missões no mundo todo pela ONU e pela Cruz Vermelha. Prestes a completar 46 anos, Fernanda é formada em Jornalismo pela Unisinos e se vê como uma idealizadora. Ela é fundadora da Pro Planeta, uma organização que busca trabalhar pela sustentabilidade através do empoderamento de comunidades locais.

O gosto por conhecer outras culturas vem da infância. Dos 13 aos 17 anos, morou no Canadá, acompanhando a mãe, que mesmo sem saber na época, inspirou Fernanda a seguir o caminho humanitário. A mãe da jornalista trabalhava para a ONU, realizando missões internacionais.

Foi no terceiro vestibular prestado que a Unisinos e o curso de jornalismo entraram na vida de Fernanda. “Eu tinha acabado de voltar para o Brasil, então não estava bem em algumas matérias como português. Precisei estudar muito para entrar na universidade”, confidencia a jornalista.

Foto: Arquivo Pessoal

O jornalismo nunca foi uma dúvida para a portoalegrense. “Sempre foi uma coisa natural para mim, eu sabia que era isso que queria para minha vida”, relembra. A rotina trabalhando, morando sozinha e dando aulas de inglês fizeram a época de faculdade ser desafiadora, mas gratificante. Um momento marcante para a profissional foi o dia da formatura, na qual foi oradora.

O trabalho de conclusão do curso já apontava a carreira da jornalista para o mundo e para a luta pela sustentabilidade. A pesquisa apresentou uma análise comparativa das coberturas da ECO92 realizadas pelas revistas Veja e Time. “Tudo foi muito intuitivo na minha vida, só depois de ter vivido tudo isso que é possível ligar os pontos e analisar as escolhas que eu fiz”, reflete.

Do jornalismo para a publicidade

A vida profissional de Fernanda começou alguns meses após estar formada em Jornalismo. “Eu digo que segui uma via de acesso secundário, porque eu nunca estagiei na área, só fui trabalhar no ramo após estar formada”, conta a jornalista. Além das aulas de inglês, a profissional trabalhava na época como intérprete inglês/português em eventos.

Foi quando foi selecionada pelo programa Caras Novas, da RBS. “Eu passei na seleção e estava louca para sair de Porto Alegre, porque a vaga era para a TV Caxias, era uma ótima oportunidade”, relembra. Quando tudo parecia decidido, Fernanda participou de congresso de televisão em Porto Alegre e conheceu o diretor de uma produtora em São Paulo. O profissional ofereceu uma vaga para a jovem jornalista e pouco, tempo depois, aos 25 anos, ela foi para a capital paulista. “Foi uma loucura chegar lá tão nova, o ritmo de São Paulo é muito diferente”, conta.

Foto: Arquivo Pessoal

Fernanda trabalhou na produtora por 6 meses e saiu de lá direto para um canal segmentado que atuava no Rio de Janeiro. “Eu trabalhava lá como repórter de campo e também apresentava um programa de bancada”, conta. A sede do canal acabou voltando para São Paulo e foi lá que a profissional começou a se envolver com o ramo publicitário. “Quando o canal já estava quase para fechar eu comecei a vender publicidade para eles. Foi a minha primeira experiência com atendimento”, relembra.

Quando o canal fechou, após um ano e meio de trabalho, a profissional partiu em busca de uma nova possibilidade na capital paulista. Lendo o jornal a Folha de São Paulo, ela se deparou com uma oportunidade como executiva de contas na Bloomberg LP, uma empresa de tecnologia e dados para o mercado financeiro e também agência de notícias operacional.

Foto: Arquivo Pessoal

Fernanda conseguiu a vaga e diz que se sentia como uma caipira. “Eu estava no mundo de multinacional e não tinha nem roupa para isso”, brinca a jornalista. Na época, os funcionários eram enviados para Nova Iorque para um curso sobre mercado financeiro. “Minha mãe viu meu armário em Nova Iorque e disse: vamos agora comprar umas roupas decentes para você”, relembra com risadas.

Após 2 anos na Bloomberg, foi em um elevador indo trabalhar que outra oportunidade cruzou o caminho da profissional. Um empresário da Turner Broadcasting System, canal de televisão da CNN e Cartoon Network, perguntou se ela gostaria de se candidatar para uma vaga na empresa. “A vaga era para publicidade digital, ele já conhecia meu trabalho na Bloomberg. Acabou que eu consegui a vaga e fui trabalhar lá”, explica.

Foram mais 7 anos trabalhando com o mundo publicitário. “Eu já tinha conquistado um nome desse ramo, eu que coloquei no ar o site da CNN no Brasil e do Cartoon também, mas eu não me sentia completa, tinha um vazio que eu não entendia”, revela Fernanda.

Foto: Arquivo Pessoal

Mudança espiritual e humanidade

Após um tempo em Londres e uma temporada trabalhando em Los Angeles para a CNN, a jornalista sentia que havia alcançado o prestígio profissional que sonhava, mas o vazio permanecia. “Então eu conheci o budismo através de uma amiga de infância e eu dei uma virada na minha vida. Eu não sabia para onde ir, então eu me demiti e fui me conectar comigo mesma”, conta a jornalista.

“Eu tinha guardado um dinheiro e achava que ia para um mosteiro budista na Índia, era tudo que eu sabia”, relembra. Então Fernanda aproveitou para passar um tempo com a família e fazer tudo que não tinha tempo por estar sempre trabalhando. “Um dia eu estava em Londres, visitando meu irmão, e uma amiga me contou pela internet que estava indo fazer um mestrado em Amsterdã. Foi nesse dia que eu decidi que ia pra lá também”, explica.

Foto: Arquivo Pessoal

Lá estava a porto alegrense, fazendo um mestrado sobre Gestão Ambiental em Amsterdã com uma bolsa de estudos. Foi quando outra paixão de sua vida, o vídeo participativo, apareceu. “Eu estava lendo um artigo científico em uma revista e decidi que seria minha dissertação do mestrado, aplicar essa metodologia”, conta.

“Então eu fui para Malawi, na África com a Cruz Vermelha. Eram eles quem mais precisavam de ajuda humanitária”, afirma a profissional. Lá ela fez uma experiência com as comunidades da região. Ela ensinava um grupo de pessoas a operarem câmeras e produzirem vídeos sobre as mudanças climáticas percebidas por eles. O vídeo produzido por esse povoado era apresentado para três outras comunidades da região e assim eram comparadas as opiniões das pessoas antes e depois de ver o vídeo.

Hoje, é isso que Fernanda faz com a Pro Planeta, sua empresa. Ela trabalha para grandes organizações como a ONU, Cruz Vermelha Internacional e Agência Norueguesa para Refugiados produzindo vídeos participativos pelo mundo. “Se eu pudesse escolher um lugar para trabalhar hoje seria com os refugiados da Síria”, confidência.

Foto: Arquivo Pessoal
Mais recentes